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24.8.14

Bolo de limão para uma despedida


A noite cai às 17.30h e o sol levanta-se 12 horas depois. Das poucas certezas que temos aqui. A época das chuvas traz falhas de energia, de água, telefone e internet. Em dias alternados e nem sempre simultâneas. Sem avisos de corte nem previsões de reparação.
Como um teste contínuo à nossa resiliência. Adaptamo-nos e nada disto nos aflige. E penso que por alguma razão cósmica o forno funciona a gás.

Na cozinha o que faltou em inovação sobrou em cumplicidade.Formei equipa com o André, ele pilotou escolhendo as receitas e eu deixei-me guiar pelos seus sabores.
Agora que regressou à cidade de onde nunca quis sair, ordeno os sentimentos e estruturo-me para a vida a dois interrompida há 28 anos.
E quando voltar à cozinha prometo manter as porções para quatro, promissoras de dias  de alegria que virão por aí.

Imagens do Solar do Unhão [MAM Museu de Arte Moderna e Solar Café] e Casa de Tereza
Passeamos pelos seus locais preferidos, onde o sol se põe no mar [aparentemente], a lembrar Portugal e preparamos as sobremesas que mais gosta. Mas foi com o bolo aromático e fofo da Tessa Kiros que dissemos “até já”.

Bolinhos de limão [ usei uma forma pequena de pão]
Falling Cloudberries [pag 261]
100 g de manteiga mole [usei 70 g]
100 g de açúcar [usei 70 g]
1 ovo grande separado[usei 2]
1 c. de chá de extracto de baunilha
100 g de farinha peneirada
2 c. chá de casca de limão ralada
1 c. de chá de fermento para bolos
60 ml de leite
Sumo de meio limão [siciliano]

Cobertura
1 1/2 c. de sopa de sumo de limão [siciliano]
50 g de açúcar de confeiteiro


Pré aqueça o forno a 180ºC.
Bata o açúcar com a manteiga e adicione as gemas, uma a uma sem parar de bater. Junte a baunilha e misture bem.
Adicione  a farinha peneirada e o fermento e a raspa de limão e incorpore na mistura, depois o leite e o sumo de limão mexendo sempre. Bata as claras em castelo e incorpore-as na massa. Coloque a massa nos ramequins ou na forma untada e asse por 30 minutos ou até dourar um pouco.
Arrefeça numa grade e desenforme com a ajuda de uma faca se necessário. Deixe arrefecer completamente.
Para a cobertura: bata o açúcar com o sumo até obter uma mistura macia e bastante espessa, ajustando com mais açúcar ou gotas de limão. Faça furos no topo do bolo com um garfo e espalhe a cobertura. Sirva com iogurte grego [opcional].
Little Lemon Cakes [recipe from Falling Cloudberries]

100g slightly softened butter
100g caster sugar
1 large egg separated
1 teaspoon vanilla extract
100g plain flour, sifted
2 teaspoons finely grated lemon rind
1 teaspoon baking powder
60ml milk
juice of half a lemon


Icing
1½ tablespoons lemon juice
50g icing sugar


Preheat the oven to 180° C/350° F/Gas 4. Butter and flour 4 ramekins [ or a loaf mould].
Cream the butter and sugar for a few minutes, then add the egg yolk and vanilla and whisk in well. Add the sifted flour, lemon rind and baking powder and fold in with a large metal spoon to incorporate it all. Pour in the milk and lemon juice and stir well. With clean beaters, whisk the egg white in a small bowl until it is very white and fluffy, then fold it into the cake mixture with a metal spoon.
Drop 2 heaped tablespoons of the mixture into each ramekin, ensuring that the base is covered and the mixture is even. Bake for about 30 minutes, until the cakes are deep golden and a bit crusty on the top, but still soft to touch and a skewer inserted comes out clean. Put the ramekins on a wire rack to cool completely. Remove the cakes by putting a knife down the side of each ramekin and lifting them out.
To make the icing, whisk the lemon juice and icing sugar together until smooth and fairly thick, adding a little more of either if it seems necessary. Put the cooled cakes on a flat plate, make a few holes with a skewer in the top of each one and dribble the icing over the top.
Serve these with Greek yogurt [optional].

17.1.14

Actualização de coordenadas

Será isto o que sempre quis? Ancorada pela condição de mãe, a inquietação de viver no mesmo local sabendo de um mundo imenso despontado em criança, nunca me abandonou. Cruzei-me com uma alma em sintonia e jovens pensamos na Austrália, uns anos depois África e muito mais tarde ilhas que íamos conhecendo, idealizando um negócio local. As férias mantiveram o sonho que nos afastou do conformismo e a oportunidade surgiu há um par de anos vividos noutra realidade e cultura. Trouxe-nos humanidade, usufruindo de tudo ao nosso alcance e valorizando o que nos falta e já tinhamos como garantido, numa adaptação constante do ser humano. 

Não pendurei a última cortina, volto a partir levando no coração os amigos de Sampa e assola-me a angústia de não haver um lugar marcado para o encontro. Voltarei a vê-los?Quero acreditar nas palavras da Adriana "agora teremos mais lugares para nos encontrarmos". Acrescento  um capítulo à vida, um lugar e pessoas.

Vou ao encontro do mar que tanta falta me fez. As ondas embalarão o meu sono e substituirão o despertar do último ano ao som das maritacas. A paisagem de coqueiros, areal e oceano, o da terra vermelha, montanhas e mata atlântica.
O Miguel está feliz com mais um desafio dos grandes, o André por ter o mar à porta e eu sem contactos mas acreditando que é sempre possível recomeçar o trabalho de fotógrafa, estarei duas horas mais perto do Tiago e outras coisas boas surgirão reveladas pela vivência.

Publico este texto na nova casa vazia, aqui na cidade dos Capitães da Areia.

Salvador da Bahia, 17 de Janeiro de 2014







10.10.13

Salvador da Bahia

Moqueca, vatapá, acarajé, bóbó de camarão, farofa amarela com molho picante, cuzcuz de tapioca, pudim  de tapioca e quindins, foram alguns dos pratos que provei nos 4 dias que passei na cidade. Rendi-me à gastronomia mal detectei ingredientes familiares, coloridos e marcantes como coentros, pimento/pimentão e malaguetas/pimentas, em São Paulo tão pouco apreciados precisamente pelo sabor intenso. Foi óptimo encontrar camarão bem fresco e opções ao peixe frito. A culinária baiana ganhou mais uma fã ansiosa por explorá-la.
Largo do ensaio do bloco de carnaval Olodum, um dos restaurantes da Dadá, a casa de Olodum e interior da Chocolates Marrom Marfim

Salvador que por alguma razão rima com cor, é a terceira cidade brasileira. Praias, telas coloridas, artesanato, capoeira, carnaval, música e baianas são outros encantos desta cidade, para além da gastronomia. Subjacente a todas as formas de arte, o sincretismo religioso revela-se sob a forma do Candomblé [ misto de catolicismo e crenças africanas].
A cidade como outras brasileiras cresceu sem planeamento, favelas coexistem com prédios de arquitectura moderna e grandes e arejados shoppings. Uma linha de metro com um troço de 6 km construídos e já com carruagens mas parada há 12 anos, sobrecarrega o tráfego da cidade e aumenta a poluição, além de piorar a qualidade de vida dos habitantes. E rios com esgotos que em vez de serem recuperados, são simplesmente tapados, constituem factos que só interesses políticos e corrupção podem explicar.       
Igreja de são Francisco, Pelourinho, exibição de capoeira e Pelourinho com a famosa igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Por outro lado, o Centro histórico é muito bonito e cuidado assim como a orla marítima que o acompanha até à Baía de todos os Santos. Aqui a cidade divide-se em parte alta e baixa que o elevador Lacerda ajuda a transpor. Na parte baixa vale a pena a visita ao Mercado Modelo, o maior de artesanato do Brasil. Na zona alta as casas do Pelourinho com traça a denunciar a presença portuguesa, são coloridas e contrastam com as guarnições brancas. Existem muitas igrejas na região como a de São Francisco ricamente ornada a ouro e a do Rosário dos Pretos, construída por escravos e também lojas de artesanato que fazem as delícias dos turistas. Ainda nesta zona escutámos o som impressionante dos batuques do famoso grupo de percussão Olodum, ensaiando para o Carnaval [fazem digressões mundiais e tocaram com músicos como Paul Simon e Michael Jackson].
Os Baianos são sorridentes e simpáticos, gostam de música e entendem perfeitamente o português de Portugal. Tratam-nos com entoação melodiosa por "minha ráiiinha" e "meu reiii" e iniciam as frases por "Veja bem", em vez do "Então"paulista.
Baía de todos os Santos, Palácio Rio Branco, Avenida Oceânica e Alameda de Bambus a caminho do Aeroporto
No café da manhã do hotel tivemos a vista diária dos amigos saguis de tufo branco que vivem na praia e se deixam fotografar em troca de comida. No segundo dia como não apareciam, saímos da sala com pedaços de mamão e emitimos o som para atrair cachorros. Os arbustos mexeram, surgiram primeiro as cabeças espreitando e logo vieram ao nosso encontro! Têm o pelo macio como o dos gatos e são os menores que já vi desta espécie que povoa a mata atlântica.
Para norte de Salvador e junto ao litoral seguindo pela Estrada do Côco, a paisagem caracteriza-se por extensos areais com muitos coqueiros à beira mar, praias paradísiacas, algumas desertas e estâncias turisticas, as mais conhecidas Praia do Forte e Costa do Sauípe, uma região a explorar com tempo.
 Praia do Forte e Baiana local