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20.5.13

Bonito e Pantanal

Nascer do dia no Passo do lontra 

Foram bons os motivos que me afastaram daqui. Primeiro a visita de uma amiga que regressou a Portugal no dia da chegada dos meus sogros.Depois destes partirem, foi a minha vez de fazer uma pausa.
Estive no estado de Mato Grosso do Sul, em Bonito e no Pantanal, um sonho com muitos anos. Vim extasiada com a beleza natural difícil de transmitir na escrita, por isso optei por criar um álbum partilhado que podem ver aqui.
Para quem aprecia a natureza, fica um resumo do roteiro que escrevi.
Partimos de Guarulhos para Campo Grande[1h40m] com um casal amigo. Alugamos um carro no aeroporto e seguimos para Bonito [350 km], passando por Aquidauana, Nioaque e Guia Lopes da Laguna.
Bonito tem um turismo organizado com agendamento de muitas actividades situadas em fazendas , das quais destaco: 
-O Rio da Prata de águas cristalinas, no qual flutuamos levados pela corrente ao longo de 2 km, observando as nascentes e cardumes coloridos de diversos tamanhos.
-O Buraco das Araras, onde a par da beleza da paisagem e de dezenas de araras vermelhas que se avistam, está associada a historia da ditadura e de pessoas atiradas para ali.
-A interminável descida até ao lago azul na gruta com o mesmo nome,  apesar de perigosa, pois as rochas húmidas servem de escada.

De Bonito subimos para Passo do Lontra no Pantanal [240km], passando por Miranda, direcção Buraco das Piranhas, onde saímos para a estrada Real Parque [em terra] e após 8 km chegamos ao hotel de pescadores [referenciado pelo Lonely Planet], junto ao rio Miranda. Aí trabalham 2 guias locais experts em vida animal que nos proporcionaram momentos inesquecíveis em safaris nocturnos e diurnos no rio e em terra, passeios a cavalo, observação de aves e pesca de piranhas. 
A diferença horaria é de [menos] uma hora que Brasilia/São Paulo e não existe internet, nem rede de telemóvel/celular. É importante levar dinheiro, super-repelente de mosquitos e abastecer o carro de combustível [em Bonito].
O regresso a Campo Grande faz-se passando por Miranda, percorrendo 310 km em estrada asfaltada. No entanto o nosso foi atribulado, pois o dia amanheceu chuvoso e a ligação do pavimento em terra a uma das inúmeras pontes de madeira ruiu. Este facto obrigou-nos a viajar no sentido contrário quase até à fronteira da Bolivia [Corumbá], passando pela Curva do Leque e atravessando o rio Paraguay de balsa. Um rally em contra-relógio por mais de 100 km em estradas de terra vermelha esburacadas, que nao constam do gps. No final esperavam-nos 360 km de asfalto para apanharmos o voo em Campo Grande, mesmo à justa.

Vi veados pantaneiros, porco do mato, capivaras, crocodilos [às dezenas], cotias, quatis, macaco-prego e uma infinidade de espécies de aves coloridas de diversos tamanhos, incluindo as belas araras azuis, tucanos e tuiuú. 
Desejei alugar uma das palafitas abandonadas, para acompanhar a transformação que a água ou a falta dela provoca nesta região e dispor do tempo necessário para fotografar os animais. Por vezes controlei a ânsia de fotografar, no ensejo de prolongar estes encontros.
Na retina guardo as imagens:
De um impressionante céu estrelado com a via lactea a iluminar o rio, contemplado de um barco. 
No regresso do safari nocturno, a estrada com imensos pontos vermelhos até onde a vista alcançava.Eram olhos de crocodilo, num fenómeno raro e pressentindo a chuva a chegar, subiram à estrada rumando para norte, sentido da proveniência da água.
O amanhecer mágico fotografado às 5.30h ao som incrível do despertar das aves. Um veado saído da margem do rio assustado passou ao meu lado, fitei-o até desaparecer na mata, voltei a olhar o rio e tinha-se formado um duplo arco-iris.
Na memória trouxe o divertido episódio do safari nocturno por nossa conta, em busca da onça pintada. Avistamos dois felinos mas baralhados pela ausência das pintas, no meio de tanta excitação não houve câmara, telemovel ou GoPro que nos valesse.Quando recuperamos a presença de espirito, só restavam as pegadas.Eram dois pumas [onças pardas]!
Hoje falei de um ingrediente da vida, viagens que a enriquecem e humanizam. 
Na próxima publicação prometo uma receita.